Olá. Não voltei, porque nunca cheguei a partir. Mas mesmo assim, olá a todos, aqui estou eu para falar convosco um bocadinho.
(É um texto longo, mas tem fotografias. Vá, não há problema de fazer um scroll só para ver as fotografias, estão perdoados)
As semanas passam, foram passando, e continuam a passar. Incrível como não foi preciso mudar o ano, um algarismo, o alinhamento das luas de Júpiter para que a minha vida mudasse. Com novos desafios e responsabilidades, somos forçados a rever tudo o que fazíamos até então, que considerávamos essencial, fundamental, ou um puro acto de lazer.
O blog tomou de assalto o meu tempo, substituiu-se a nível de importância à faculdade, e por isso sempre foi para mim algo sério, importante, essencial. Engraçado é olha para trás e sentir que todas as horas que dediquei a este projecto se materializaram por fim numa profissão. Sempre me disseram “dedica-te o melhor que consigas, nunca sabes quem está por detrás do écran a ver o que fotografas, a ler o que escreves, a seguir aquilo que crias”. Tão verdade é isso que trabalho no que trabalho porque confiaram e acreditaram naquilo que fazia na cozinha cá de casa, fotografado numa pedra mármore de 30 x 40 cm, nas palavras que acompanham sempre toda e qualquer coisa que faço. Seria no mínimo caricato se eu fosse uma fraude, imaginem só!
Passei a ter o trabalho de sonho, feito à minha medida, em que nenhum dia é igual ao outro, em que coisas maravilhosas acontecem inesperadamente. Dou aulas, fotografo comida, crio receitas, faço acontecer eventos únicos. Tornou-se claro para mim que não seria feliz a fazer qualquer outra coisa, e se estou onde estou, devo-o ao meu trabalho enquanto blogger.
Ser blogger. É um termo depreciativo? Depende da perspectiva, e da abordagem do termo. Existem bloggers que recebem mil e uma coisas, partilham essas coisas, recebem mais coisas, reproduzem receitas de outros sítios, fotografam essas receitas, recebem mais coisas, e volta tudo ao início. Há outras que recebem ou não, fotografam e escrevem sobre o que faz sentido para cada uma delas, criam receitas, procuram inspiração, publicam quando acham que tem de ser, e não porque sim. Não julgo nenhuma delas, nem tão pouco me cabe a mim fazê-lo. Mas acho que não é vergonha para mim, quando me perguntam “Então o que é que fazias antes de começares a trabalhar em gastronomia?”, responder sem vergonhas e rodeios “Tenho um blogue de culinária e estudava uma coisa que não interessa ao menino Jesus“. Porque foi mesmo por causa do Blogue que cheguei onde cheguei: um veículo para chegar a mais pessoas e mostrar-lhes o que faço. Depende tudo da perspectiva, e não me caiem os parentes na lama por explicar o trabalho que tinha.
Continuo a ser blogger? Não. Não porque tenha deixado de publicar, mas porque pura e simplesmente acho que o que faço já foge desses escopo. Não pensem que larguei o blogue porque de repente me achei demasiado boa para continuar. Mas compreendam que depois de um dia inteiro a fazer mil e uma coisas, muitas relacionadas com comida, outras tantas que implicam horas de computador, a única coisa que me apetecia fazer quando chegava a casa era atirar as sapatilhas para longe e cair no sofá.
Também confesso que muitas das vezes que pensava em escrever, pura e simplesmente não me ocorriam coisas diferentes para partilhar. E se já lêem o blogue há algum tempo, sabem que escrever só por escrever, cozinhar só por cozinhar, são coisas que não faço. A Ovelha Negra não faz parte do rebanho porque escolheu sair.
Estamos a poucos dias do ano virar, do algarismo cair e dar lugar a outro, e quero-vos dizer o quão maravilhoso é fazer o que se gosta. Por isso vos digo, não parem de sonhar, mas ainda mais importante do que isso, não parem de trabalhar. Trabalhem muito, pensem que alguém em algum lugar vos está a ver. Mas fundamentalmente sejam fiéis às vossas convicções. Não façam porque sim, façam-no por vocês.
P.S – Ando sempre pelo Instagram, por isso sigam-me por lá se não querem perder fotos wanna-be-de-instagrams-hipsters, alguma comida, gatos, e Star Wars (muito Star Wars) >> @cameirateresa
Olááá 😀 Que feliz que fico por ver este post e ver como estás satisfeita com o trabalho e vida que tens 🙂 Eu acho que não conseguia fazer disto um trabalho – da culinária, da fotografia… Não sei, não tenho tanto empenho e jeito como tu e a nível profissional as minhas aspirações são outras. Mas não é por ter diferentes interesses que deixo de valorizar o que fazes, antes pelo contrário! Uma evolução que acompanhei ao longo do blog, em fotografias e atitude, e culminou nisto. Só mostra que o trabalho realmente dá fruto! Parabéns 🙂 Espero ver uns posts esporádicos por aqui 😀
Se eu disser que nunca vi Star Wars matas-me? 😛 Mesmo assim adorei a caixa de chocolates. Vou tentar ver os filmes qualquer dia 🙂
Olá Avelã 🙂 Tu lança-te nas tuas ambições e de certo serás bem sucedida – com muito trabalho chegasse longe!
É de facto engraçado saber que tenho desse lado pessoas como tu, que acompanharam esta evolução. E fico muito contente por saber que torcem por mim 😉
Quanto aos posts, a ver o que 2016 nos reserva, mas quero muito vir escrever umas coisas, mandar umas larachas – não podes ser só tu com textos cheios de pinta!
Avelã, vê o Star Wars – começa pelo episódio IV, e depois da primeira trilogia vês a prequela. Mas vamos falando – tens de discutir o assunto com alguém :p
Uah! Que texto maravilhoso Teresa.
Parabéns! Pelo lugar que com tanto trabalho ganhaste mas ainda mais parabens por este texto. Porque te revela, porque te mostra e acima de tudo demonstra que mereces tudo 🙂
Sê feliz, sê muito feliz!!
Obrigada Ana 🙂